Com a demanda por energia cada vez maior no nosso país, nosso plano
decenal indica que somente um aumento de capacidade instalada de 99,7 mil para 154,7 mil
megawatts será capaz de livrar nosso país de um
déficit energético em 2017. Entretanto, neste cenário, o plano prevê uma queda da participação de energia hídrica de 85,9% para 75,9%. Isto mesmo com a construção de grandes
hidrelétricas, como as do Rio Madeira e a de Belo Monte.
Para complementar a crescente necessidade de energia, serão construídas 81
termelétricas (41 movidas à óleo combustível, 20 à
diesel, 8 à gás natural, 7 à
biocombustíveis e 4 à carvão). Com isso, nosso país
emitira para atmosfera 171% a mais de
CO2 (de 14,4 milhões de toneladas, para 39,3 milhões de toneladas).
Realmente, este é só mais um indício de como o Brasil se coloca diante de assuntos ambientais. Em um primeiro momento se diz preocupado com o meio ambiente, porém é só saber que o crescimento do nosso
país poderá diminuir que toma medidas extremamente
danosas para a natureza. Por isso, não acredito que somos capazes de deter, por exemplo, o
desmatamento na
Amazônia. Se na cabeça dos tomadores de decisões for mais vantajoso
desmatar, então isso será feito. Como agora, precisamos de grandes quantidades de energia, assim, ao invés de investirmos em fontes alternativas, construímos
termelétricas (
extremamente ineficientes, e de grandes impactos ambientais).
É fácil fazer discurso para população dizendo que existe a preocupação ambiental e depois justificar decisões,
danosas ao meio ambiente, devido a possibilidade de estagnação
econômica. Essa é velha! Temos que crescer, mas investindo em novas fontes de energia. Mas como faremos isso? Somente com investimentos em pesquisa, quer dizer, com MUITO investimento em pesquisa. E não essa ajuda de custo que recebemos. Precisamos empregar nossos mestres e doutores. Não adianta formar uma legião de pós-graduandos e uma pequena parte virar professor universitário. Precisamos de mais cargos de pesquisadores, ou melhor, precisamos de mais centros de pesquisa além de nossas universidades. Só assim, poderemos crescer. Temos que deixar de sermos um país rico (que tem dinheiro para comprar tecnologia) e virarmos um país próspero (que produz sua própria tecnologia).
Fonte:
Valor Econômico e
Jornal da Ciência