sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O conselho mais brilhante que eu já vi (Isso que é se preocupar com o meio ambiente)

Um assunto polêmico tem tomado conta das discussões na Grã-Bretanha. Um dos principais conselheiros para assuntos ambientais do governo britânico foi MACHO de falar que o grande problema ambiental é a superpopulação, deste modo ele recomendou que os casais britânicos não tenham mais que 2 filhos. Mas por que 2 filhos? Quando temos dois filhos compensamos nossas mortes, então duas pessoas botam mais duas no mundo e um dia morrerão. Depois de um tempo esta população entra em um equilíbrio e a taxa de crescimento fica nula. Se cada casal tiver, por exemplo, 1 filho, se este comportamento for incorporado na sociedade, a taxa de crescimento populacional vai ficar negativa. Isto é, a população vai diminuir.

"Muitas organizações acreditam que não é parte de seu negócio. Minha missão com os Amigos da Terra e os Greenpeaces deste mundo é dizer: 'Vocês estão traindo os interesses de seus membros ao se recusar a lidar com questões de população e estão fazendo isso pelas razões erradas, porque acreditam que o assunto é muito controverso'."
Disse o conselheiro Jonathon "cabra macho" Porrit (Tapa na cara de qualquer greenpace da vida!)


Para mim, o grande problema ambiental é suprir a gigantesca população humana com os bens de consumo produzidos pelo capitalismo. Não quero dizer que os mais pobres devem ficar sem direito a nada, pelo contrário, quero que todos tenham um mínimo digno para sua vida. Então o que devemos ter que fazer imediatamente? Parar de fazer com que a população humana cresça! E como? Controle de natalidade. Mas tem que ser algo imposto pelo governo? Não! Isso seria uma ditadura. Temos que conscientizar todos na população. Por que uma garota de classe média tem direito de tomar seu anti-concepcional (que ela guarda dentro de sua caixinha rosa da Hello Kitty) e uma menina que mora na favela nem sabe que isso existe?

A escolha de ter 1, 2, 4 ou 20 filhos é da pessoa, mas duvido que se ela tivesse um esclarecimento do problema que isto pode causar, primeiramente, para seus próprios filhos e depois para o meio ambiente e sociedade, que esta pessoa teria mais que 2 filhos. Mas nossos governantes precisam de uma grande massa sem esclarecimento, ops, deixa pra lá!


Cadê o PlayStation deles? (Só seu filho merece?)


Precisamos de políticas públicas de esclarecimento do controle de natalidade. Precisamos mostrar as alternativas contraceptivas para todos, independentemente de sua classe social. Imagina se todos os chineses resolvessem comprar um I-Pod cada... Não ia ter matéria prima para isso no nosso planeta!

É claro que o conselheiro sofreu muitas críticas sobre seus comentários, sendo chamado de maluco por alguns. É difícil jogarem na sua cara que a Amazônia, por exemplo, está sendo destruída para que mais aço seja produzido, para quando seu terceiro filhinho fizer 18 anos, você possa dar um carro para ele. Mas o mais sinistro é que para um menino pobre de 12 anos, o aço mais perto das mãos dele é de uma arma, seja para a guerrilha urbana (ex. Rio de Janeiro) ou seja para guerras étnicas (Ex. Dafur).

Na minha humilde opinião: Primeiro devemos parar de crescer, depois vem a tentativa de uma sociedade mais igualitária. Não é você enchendo sua banheira de hidromassagem até o meio, ou usando sacola de paninho para ir ao mercado, ou trocando suas lâmpadas... entre outros mil exemplos ambientalistas piegas, que você vai ajudar mesmo o meio ambiente! Quer ajudar? Use camisinha ou pílula! E dissemine essa idéia (e não seus espermatozóides, para os meninos é claro!)

Fonte: O Globo - Ciência

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Acidificação dos oceanos desorienta peixe palhaço


O aquecimento global é um assunto muito debatido. Suas origens, seus efeitos e sua intensidade são pontos para grandes discussões. Mas tem uma que achei muito interessante, por mais trágica que ela pareça. O peixe-palhaço é o nome comum que se dá para várias espécies da Pomacentridae. Existem mais de 25 espécies de peixes-palhaço. Mas o interessante é que estas espécies se utilizam do olfato para encontrar abrigo próprio para ele.

Os biólogos marinhos Philip Munday and Kjell Døving, que lideram uma equipe de pesquisadores, fizeram um experimento para observar o efeito da diminuição do pH dos oceanos na orientação deste peixe. Eles fizeram 4 tratamentos: um com o óleo de uma árvore que geralmente atrai o peixe, um segundo com o óleo de uma outra árvore de pântano que o peixe geralmente evita, um terceiro com secreção de anêmonas (lar normal do peixe-palhaço) e um quarto com secreção de parentes dele (o que o peixe evita de seguir). Com o pH padrão dos oceanos atuais, o peixe-palhaço manteve o comportamento normal de preferência de cheiros, mas com um pH de 7,8 os peixes não evitavam mais os odores que antes os repeliam. Eles simplesmente ficaram perdidos.


Peguem o bafômetro para o Nemo (Ele tá doidão)


O pH atual dos oceanos giram por volta de 8,0 a 8,15, porém em algumas partes já é observado uma queda deste valor. Se é devido a uma obsorção do CO2 em excesso na atmosfera, não temos certeza ainda. Mas sabemos que esta capacidade de tamponamento da diminuição do pH de águas oceânicas tem um limite, o que pode levar a uma real diminuição no futuro.

Este efeito foi testado em laboratório, e não se sabe ainda se ele ocorre em peixes selvagens. Porém é de se preocupar, pois outras espécies de peixe também se utilizam de odores para encontrar abrigos mais apropriados.

Fonte: Wired Science

Referência
"Ocean acidification impairs olfactory discrimination and homing ability of a marine fish." Philip L. Munday, Danielle L. Dixson, Jennifer M. Donelson, Geoffrey P. Jones, Morgan S. Pratchett, Galina V. Devitsin, and Kjell B. Døving. Proceedings of the National Academy of Sciences, Vol. 106, No. 4, Feb. 2, 2009.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Quem era o naturalista a bordo do Beagle?

A pergunta que eu fiz neste post parece simples mas não é. A primeira vista parece mais uma daquelas perguntas chatas que nos fazem decorar a resposta e que só terão utilidade em programas de televisão de quinta categoria. Esta na verdade poderia ser a pergunta de 1 milhão e quase ninguém (tirando ecólogos como o Saci) acertaria. A resposta correta é Robert McCormick. Ele era o cirurgião a bordo e ocupou a posição oficial de naturalista do Beagle. Esta descoberta interessante foi feita pelo antropólogo Jacob W. Gruber e publicada no The British Journal for the History of Science em 1969.



Capa do artigo sobre o naturalista do Beagle. Fonte: Cambridge Journals


Para chegar a conclusão de que o cirurgião a bordo do Beagle era o naturalista oficial da embarcação e não Charles Darwin, Gruber fez uma análise baseada em cartas da época, já que em nenhum documento oficial havia a identificação de quem seria realmente o naturalista do Beagle. Primeiramente Gruber ressaltou o contexto histórico. A marinha britânica tinha uma longa tradição de médicos-naturalistas e McCormick era instruído para tal função, tendo participado de outras expedições exercendo este cargo. Mas a prova irrefutável ainda estava por vir. Em uma carta escrita pelo naturalista Robert Jameson foram feitos vários conselhos ao naturalista do Beagle, manuais de como coletar e preservar amostras. A mesma foi endereçada a Robert McCormick. Desta forma, um mistério que durou mais de 100 anos foi desvendado. Mas se Darwin não era o naturalista a bordo do Beagle, porque e como ele fez parte desta viagem?

Charles Darwin fez a viagem mais importante de sua vida (e uma das mais importantes da história da ciência) como companheiro do capitão, Robert FitzRoy. Você deve estar me perguntando, como assim "companheiro"? Ele já conhecia o capitão FitzRoy antes da viagem? Na verdade não. Ele conheceu o capitão do Beagle apenas 1 mês antes da grande viagem. Para entendermos o motivo desta situação incomum, devemos pensar de forma contextualizada. Viagens deste tipo era muito longas, onde o contato com amigos e familiares era mínimo. Além disso, a marinha britânica desincentivava o contado pessoal do capitão do navio com a tripulação de "nível inferior". FitzRoy era relativamente novo (26 anos) e o último capitão do Beagle tinha se suicidado. Realmente não era um contexto favorável.



Robert FitzRoy aos 40 anos de idade. Fonte: wikipedia


Desta forma, Robert FitzRoy precisava de um companheiro de viagem. Mas não qualquer um. Já haviam outros passageiros extras no Beagle (um desenhista e um instrumentador), mas nenhum da sua classe social. FitzRoy era um aristocrata de família nobre e precisava de alguém que tivesse uma origem próxima a sua. Sabendo desta situação, 0 grande mentor de Darwin, J. S. Henslow, enviou uma carta para o capitão indicando seu aluno aplicado como candidato a vaga. Foi assim que Darwin conseguiu subir a bordo do Beagle, mesmo sem ser o naturalista oficial da embarcação.

Após uma série de desentendimentos científicos entre Darwin e McCornick, o naturalista oficial do Beagle retornou para a Grã-Bretanha, em 1832. Assim, o contato de Darwin com o capitão FitzRoy se tornava cada vez mais intenso e conflitante. E um dos principais motivos de conflito entre os dois estava no posicionamento de Darwin contra a escravidão. Um livro lançado recentemente defende que este ódio de Darwin a escravidão teria sido um dos seus principais norteadores da ideia de um ancestral comum. Acho esse argumento um pouco fraco, pois eu consideraria mais como um motivo para ele não ter preconceitos quanto a origem comum de todos os seres humanos (não importando a raça) do que como uma inspiração.

Outro motivo para discussões frequentes entre Darwin e FitzRoy era a religião. Parace muito claro que o posicionamento de Darwin em relação ao cristianismo foi alterado nesta viagem, principalmente devido ao comportamento autoritário do capitão (cristão ortodoxo) e as suas coletas que mostravam que a natureza necessitava cada vez menos de um criador inicial. Gould considera que "(...) FitzRoy pode muito bem ter sido mais importante que os tentilhões, pelo menos como fonte de inspiração para o tom materialista e antiteísta da teoria evolucionista e da filosofia de Darwin." Quase 30 anos após a famosa viagem, Robert FitzRoy não conseguiu escapar de uma tradição familiar. Suicidou-se a bala em 1865, encerrando de vez seu possível sentimento de culpa por ter "ajudado" Darwin a chegar a suas conclusões heréticas.

Referências:

Who was the Beagle's Naturalist? Jacob W. Gruber. The British Journal for the History of Science (1969), 4 : 266-282. Link para o artigo.
Darwin e os grandes enigmas da vida (2006). Stephen Jay Gould. Martins Fontes, São Paulo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Ecosystem Fail


Ecosystem Fail


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